quinta-feira, 9 de abril de 2009

O ciclo existencial

(extraído do livro Yôga, Sámkhya e Tantra do Mestre Sérgio Santos)

(...) Conceitos e paradigmas nos vão sendo impostos por uma cultura que, na maioria das vezes, castra nossas maiores possibilidades. Quando observada de um outro ângulo, a esperança proporcionada pelo acreditar, seja na justiça divida ou seja na ordem social, apenas nos permite orbitar na periferia.

A maioria desses caminhos são considerados simplórios e não passam de um remédio paleativo de preve validade. É como se apenas podássemos os galhos de uma árvore. Ela continuará de pé, sustentada pelas suas raízes, de onde partirão novos ramos e flores, cujos frutos um dia retornarão a terra, cujas sementes produzirão novas aves... e é a terra que fornece o alimento mas tamb´m o que apriziona o homem ao eterno movimento cíclico da Natureza. Dentro de uma esfera que não para de girar, somos arrastados ora para cima, ora para baixo, num jogo interminável.

(...) A intensidade dessas emoções é proporcional ao plano de existência em que esteja cada indivíduo. As criaturas chamadas inferiores, nada disso tem razão de ser, por exemplo, uma planta, um inseto ou um cão, que amoldam-se ao seu meio natural. Mas quer sejam seres racionais, quer sejam irracionais, o fato é que todos estamos juntos nas cadeias do nascimento e da morte, aprizionados pelo ciclo existencial, por sua vez caracterizado pela lei de causa e efeito, o karma.

Pátañjali escreve no yôga sútra (cap. O: vers. 12-15): "O karma tem suas raízes nos obstáculos e é experimentado tanto no nascimento objetivo quanto subjetivo. Permanecendo a existência das raízes, permanecem as consequencias (karmicas) que vão determinar tudo: o nascimento, a própria vida e a suas experiências. Esta produzem alegria ou dor, conforme sua causa seja virtude ou vício. Para o discriminativo, tudo provoca dor, seja devido a antecipação do sentimento de perda, ou a novos desejos produzidos pelos sanskáras, ou ainda, a conflitos entre os gunas."

Imaginemos um homem como um grão de areia se comparado à Terra, a qual nada mais é do que um ponto no sistema solar. Esse, é infito dentro da via-láctea, que também não passa de um minúsculo ponto em relação ao aglomerado de galáxias; assim, ad infinitum. Para cada um desses elementos é atribuído um período de vida, desde uma célula até uma estrela.

Os darshanas (pontos-de-vista), as escolas e filosofia hindu, procuram uma saída na qual o ser humano possa libertar-se do movimento incessante da roda existencial, cujas percepções, vivências e transformações encontram-se limitadas espacialmente e condicionadas a temporalidade.

Em relação ao homem, a forma como ele se apresenta, com sua personalidade distinta, com seus desejos particulares ou coletivos, com suas tendências genéticas, instintivas, emocionais e mentais, tudo isso está incluso nessa mesma esfera sem saída, dentro da qual tudo nasce, se desenvolve, se desfaz e se transforma.

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