sexta-feira, 24 de abril de 2009

Observando a metade cheia do copo

Você já deve ter ouvido esse jargão, de ver a metade cheia do copo. Se ainda não ouviu, vou relembrá-lo rapidamente.

Quando você vê um copo com água, que está pela metade, você pensa: "o copo está meio cheio?" ou você pensa "o copo está meio vazio"? Se a sua tendência é dizer que o copo está meio vazio, significa para muitos que você é uma pessoa com tendência ao pessimismo. E claro, aquele que enxerga o copo mais cheio, vê na vida muitas possibilidades e o lado positivo das coisas.

Eu vou ser sincera, tenho uma tendência ao terrorismo com as coisas. Sou racional demais e acredito até que, pela educação que tive, sou um pouco pessimista com as coisas.

Quando você diz que é dono da sua personalidade, tome cuidado e faça uma reflexão. Veja até que ponto você realmente toma decisões baseadas 100% nos seus valores e conceitos, sem nenhuma interferência social ou familiar.

Digo isso porque mesmo sendo avessa a muitos comportamentos impostos pela sociedade, pela religião, pela família, ainda me pego tendo atitudes que me lembram meus pais. Isso só acontece, claro, porque de certa forma tenho ainda enraizado a educação que recebi.

Meu pai, por exemplo, é um cara extremamente organizado. Tudo na vida dele é registrado e metódico. Ele acorda e já sabe exatamente o que vai fazer no seu dia (já foi pior, acho que com a idade vamos nos tornando mais maleáveis). Deixa o café da manhã pronto, a roupa que vai usar, a revista que vai ler, anota quanto de gasolina colocou no carro, sabe exatamente aonde está aquele filme que ele tem gravado e arquivado (e seus arquivos são todos listados como uma grande biblioteca), faz relação de tudo o que gasta (desde uma esmola até a compra de um eletrônico).

E de certa forma eu tenho um pouco disso. Acho que não sou tão da ala radical, mas pergunte as minhas amigas sobre o item organização na minha vida. Tenho certeza de que a maioria vai me taxar de muitooooo organizada e até chata! Eu gosto de ver as coisas arrumadas mesmo, mas até que ponto eu seria assim se não tivesse tido como referência o meu pai? Será que eu me comportaria naturalmente desta forma? Eu mesma me faço essas perguntas! E para mudar um comportamento é preciso inverter na caixa preta, que é o seu inconsciente, o jeito de agir, pensar e se comportar. Quantas vezes eu tentei sair de casa sem arrumar a cama, quantas vezes tentei chegar e tirar a minha roupa jogando tudo pelos cantos do quarto? Aiai, incontáveis vezes. Acha que eu consegui? Pois é, poucas horas depois já preciso ver tudo arrumado, se não começo a ter um faniquito interno!

Na Unidade aonde eu dou aulas sou conhecida como a maníaca do sofá.. não posso ver as almofadas fora de lugar que pronto, lá esto eu arrumando e procurando alinhá-las. Chega a ser um tique!

Fora isso, tenho um outro apelido: sou a Zé do Apocalipse. Sempre que eu acho que tem uma situação rolando e que ela é, na minha percepção, grave, acabo relatando num tom tão alardeador, que parece o fim-do-mundo! Rsrsrsr... eu as vezes rio de mim mesma depois, pelo exagero. Acho que tem um pouco disso nas características do meu signo, porém, quando você é criada e fazem você só ver os problemas, e não enxergar primeiro as soluções, este ar de exagero se acentua.

Meus pais sempre foram extremamente cautelosos, e viviam me educando para não gastar mais do que eu ganhava, para não comprar nada que não tivesse certeza absoluta de que teria o dinheiro para comprar, para que não fizesse dívidas grandes por não saber como estaria a minha situação e a do país. Algo me diz que esta educação limitou um pouco o meu lado sonhador!

Já fiz muitas coisas sem saber ao certo se teria condições pra isso, e no fim deu tudo certo. Mas tenho certeza de que poderia ser ainda melhor e diferente se eu conseguisse sair do paradigma do "desejar com os pés no chão". Será que os grandes empresários bem sucedidos não eram mais eloquentes que racionais? Como alguém pode sonhar, mas se puxando pra baixo ao só reforçar os pontos de dificuldades para realizar seus sonhos?

O Mestre mesmo talvez não tivesse chegado até aonde chegou se só observasse as dificuldades na codificação e sistematização do SwáSthya. Ao ler seu livro: "Ser Forte" vivenciamos junto com ele todos os percalços pelo quais ele passou para chegar até aqui, nos dias de hoje, sendo um educador renomado e conceituado no nosso universo.

Eu pretendo realizar muitas coisas na minha vida, mas sei que primeiro preciso deixar o lado mais lúdico se manifestar. Estou diariamente mudando meu comportamento, minhas atitudes, minhas relações, para quem sabe assim, observar essas alterações na minha visão. Sinto que já mudei em muitas coisas, mas estamos em eterna evolução. Acho que meu melhor dia vai ser aquele em que eu conseguirei, de cara, concordar com uma atitude eloquente, sem racionalizar o que pode haver de pontos contra pra sua realização.

Tem uma outra frase boa pra colocar isso em prática: "você quer ser feliz, ou quer ter razão?". Aquele que sempre busca analisar muito os sonhos, não sonha. Aquele que sempre busca ver os pontos negativos de um desejo, não realiza. E dessa forma, deixa de ser plenamente feliz, por racionalizar demais o que quer ver realizado.

Eu só quero ver a metade cheia do copo, em tudo, a partir de agora. E você?

domingo, 12 de abril de 2009

Não existe Yôga sem um bom relacionamento humano


Não adianta praticar Yôga,
meditação, mantras,
se você não souber se relacionar bem
com as outras pessoas.


Considero requisito principal a capacidade de boas relações humanas e não quero como aluno, nem como assistente, nem mesmo como amigo, alguém que não saiba se relacionar bem com os demais.

Nós do Yôga, temos uma prioridade no nosso esforço (tapah) pelo aprimoramento: é o cultivo das boas relações entre os seres humanos. Sem compreensão não existe Yôga. Não se admite que praticantes ou instrutores de Yôga não consigam superar uma emoção para evitar desentendimento com alguém. Por isso, as Federações estão incluindo este item na sua avaliação e não aprovam os candidatos que tenham dificuldade em se relacionar bem com todo o mundo.

Não adianta nada fazer lindos exercícios, meditar e portar o ÔM se você responde a uma cara feia com outra cara feia. Ou se você sente inveja de outro colega. Ou se você se ofende com alguém. É uma vergonha para todos nós quando chega ao nosso conhecimento que um yôgin se desentendeu com quem quer que seja, ou que se melindrou com outrem.

Com o pretexto da franqueza ou da autenticidade muita gente faz grosserias, o que magoa quem está envolvido no mal-entendido e também quem não está. Amizades promissoras são rompidas para sempre. Fecundas carreiras profissionais são destruídas. Enormes prejuízos morais e financeiros são contabilizados por causa de uma palavra ou fisionomia que poderia ter sido perfeitamente evitada.

Não estamos recomendando o fingimento nem a hipocrisia, mas sim a educação e a elegância. Emoções pesadas sujam mais o organismo do que fumar, beber e comer animais defuntos. Não adianta praticar Yôga, meditação, mantras, se você não souber se relacionar bem com as outras pessoas.

Lapide o seu ego, eduque o seu emocional, reprograme a sua mente. Nós não somos pessoas vulgares e toscas, que habitualmente respondem com crueza a qualquer atitude que não as agrade, gerando, com isso, um mal-entendido atrás do outro.

Quando faço estes apelos, sempre, quem os lê acha que não é consigo, que escrevi para outra pessoa, afinal, suas reações agressivas não terão sido culpa sua: foram todas as vezes, meras reações de legítima defesacontra as ofensas perpetradas por terceiros! Se você pensa assim, aceite minhas condolências. Você sofre de egotite aguda.

Há um método seguro para saber se a culpa é dos outros ou não. Se você se indispõe com, no
máximo, uma pessoa a cada cinco anos, fique tranqüilo. É bem possível que o mal-estar não tenha sido responsabilidade sua. Mas se você freqüentemente precisa se defender com veemência de ações cometidas pelos seus alunos, colegas, amigos, funcionários, prestadores de serviços ou desconhecidos, então você precisa fazer terapia.

As pessoas, em qualquer profissão, tendem a tornar-se difíceis, grosseiras, autoritárias, sempre que progridem na vida ou sempre que são promovidas em seus cargos. No entanto, chegar no topo não é difícil: o difícil é ficar lá. Um verdadeiro líder não é autoritário nem antipático. Se o for, não ficará lá em cima por muito tempo…

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O ciclo existencial

(extraído do livro Yôga, Sámkhya e Tantra do Mestre Sérgio Santos)

(...) Conceitos e paradigmas nos vão sendo impostos por uma cultura que, na maioria das vezes, castra nossas maiores possibilidades. Quando observada de um outro ângulo, a esperança proporcionada pelo acreditar, seja na justiça divida ou seja na ordem social, apenas nos permite orbitar na periferia.

A maioria desses caminhos são considerados simplórios e não passam de um remédio paleativo de preve validade. É como se apenas podássemos os galhos de uma árvore. Ela continuará de pé, sustentada pelas suas raízes, de onde partirão novos ramos e flores, cujos frutos um dia retornarão a terra, cujas sementes produzirão novas aves... e é a terra que fornece o alimento mas tamb´m o que apriziona o homem ao eterno movimento cíclico da Natureza. Dentro de uma esfera que não para de girar, somos arrastados ora para cima, ora para baixo, num jogo interminável.

(...) A intensidade dessas emoções é proporcional ao plano de existência em que esteja cada indivíduo. As criaturas chamadas inferiores, nada disso tem razão de ser, por exemplo, uma planta, um inseto ou um cão, que amoldam-se ao seu meio natural. Mas quer sejam seres racionais, quer sejam irracionais, o fato é que todos estamos juntos nas cadeias do nascimento e da morte, aprizionados pelo ciclo existencial, por sua vez caracterizado pela lei de causa e efeito, o karma.

Pátañjali escreve no yôga sútra (cap. O: vers. 12-15): "O karma tem suas raízes nos obstáculos e é experimentado tanto no nascimento objetivo quanto subjetivo. Permanecendo a existência das raízes, permanecem as consequencias (karmicas) que vão determinar tudo: o nascimento, a própria vida e a suas experiências. Esta produzem alegria ou dor, conforme sua causa seja virtude ou vício. Para o discriminativo, tudo provoca dor, seja devido a antecipação do sentimento de perda, ou a novos desejos produzidos pelos sanskáras, ou ainda, a conflitos entre os gunas."

Imaginemos um homem como um grão de areia se comparado à Terra, a qual nada mais é do que um ponto no sistema solar. Esse, é infito dentro da via-láctea, que também não passa de um minúsculo ponto em relação ao aglomerado de galáxias; assim, ad infinitum. Para cada um desses elementos é atribuído um período de vida, desde uma célula até uma estrela.

Os darshanas (pontos-de-vista), as escolas e filosofia hindu, procuram uma saída na qual o ser humano possa libertar-se do movimento incessante da roda existencial, cujas percepções, vivências e transformações encontram-se limitadas espacialmente e condicionadas a temporalidade.

Em relação ao homem, a forma como ele se apresenta, com sua personalidade distinta, com seus desejos particulares ou coletivos, com suas tendências genéticas, instintivas, emocionais e mentais, tudo isso está incluso nessa mesma esfera sem saída, dentro da qual tudo nasce, se desenvolve, se desfaz e se transforma.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Nossa Cultura

Extraido do blog do DeRose: www.uni-yoga.org.br/blogdoderose


Método DeRose

Os candidatos, quando me procuram, não estão interessados em paliativos para mascarar as mazelas do trivial diário. Eles estão interessados em absorver uma cultura. Segundo o Dicionário Houaiss, cultura significa, entre outras coisas: conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem um grupo social. Pois bem, Nossa Cultura é uma reeducação comportamental que contempla especialmente o bom relacionamento entre os seres humanos e tudo o que possa estar associado com isso (por esse motivo, foi sugerido que nossa profissão se denominasse sócio-humanismo).

Esta proposta seleciona o público mais afeito à cultura e faz alusão ao fato de que não ensinamos apenas algumas técnicas, mas que transmitimos uma cultura. Como consequência, ficamos atrelados ao Ministério da Cultura e não ao Ministério da Educação. Em reunião que tive em Brasília com o Ministro Gilberto Gil, ele me disse uma frase memorável: “Conhecimento é com o Ministério da Educação. Autoconhecimento é com o Ministério da Cultura”, que é o nosso caso.

Procuro reeducar meus leitores para que se tornem pessoas melhores, mais polidas, mais viajadas, mais refinadas, mais civilizadas, mais cultas, que aprimorem inclusive sua linguagem e boas maneiras. Sugiro uma revolução comportamental, propondo uma forma mais sensível e amorosa de relacionamento com a família, com o parceiro afetivo, com os amigos, com os subordinados e até mesmo com os desconhecidos. Recomendo que eventuais conflitos sejam solucionados polidamente, sem confrontos. Como complemento a esta proposta, ensino reeducação respiratória, reeducação postural, reeducação alimentar etc., proporcionando condições culturais e sociais para que as pessoas tenham uma qualidade de vida melhor e os jovens se mantenham longe das drogas. Tudo isso junto, em última análise, contribui para o autoconhecimento.



segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ao longo de 5000 anos muita deturpação pode acontecer

Texto postado pelo Mestre DeRose em seu blog no dia 2 de Abril de 2009 pelo Educador DeRose

O Yôga tem 5000 anos de existência. Nesses cinco milênios, foi desvirtuado sucessivas vezes pelas invasões que a Índia sofreu. Façamos uma comparação. Estamos no século XXI da Era Cristã. Muito bem. Existe uma luta chamada Capoeira, que é legitimamente brasileira. Tem suas raízes em tradições africanas, porém nasceu no nosso país. Imaginemos que dentro de alguns anos, a Amazônia será invadida por uma outra nação com o pretexto de ocupá-la para salvar tão precioso patrimônio da humanidade das mãos desses latino-americanos irresponsáveis que a estão destruindo.

Tal como os drávidas que viviam na Índia há 5000 anos, os brasileiros não têm tradição guerreira. Já os invasores, esses sim, contabilizam uma história de guerras, conquistas e império, tal como os sub-bárbaros arianos que invadiram a Índia a 1500 a.C. e cometeram o primeiro grande desnaturamento do Yôga.

Como ocorreu com o Império Romano, que ia incorporando outras culturas (ao absorver do Lácio o latim, da Grécia a arquitetura, escultura, mitologia etc.), esse novo império absorve a Capoeira. Em pouco tempo, digamos, um século, classificam-na como dança (“afinal, eles não dançam?”). E a reestruturam, pois isso de bater atabaques e tocar um instrumento de cordas com uma corda só é muito primitivo. Eliminam os tambores e substituem o berimbau pela guitarra eletrobioplásmica, com acompanhamento de “sincretizador” (que substituirá o computador, aquela máquina primitiva que vivia “dando pau” e pegando vírus).

Passam-se mil anos. Lá pelo ano 3000 da era Cristã, ocorre outra invasão. O Brasil é ocupado por uma terceira etnia e novos Mestres de Capoeira introduzem uma codificação que a define como religião (“afinal, eles não se benzem antes de jogar?”). Uma dança religiosa, uma dança ritual. Surgem mosteiros, templos e igrejas do culto Capoeirista. Essa vertente passa a ser conhecida como Capoeira Clássica.

Passado mais um milênio, e em torno do ano 4000, já não se fala a mesma língua, nem habita neste território o mesmo povo. Surpreendentemente, a Capoeira sobreviveu e tem mesmo um sólido sistema cultural que a preserva. Só que agora, após alguns concílios, decidiram que Capoeira é uma terapia. Passa a ser uma dança espiritual terapêutica.

Mais um milênio se passa. Estamos lá pelo ano 5000 d.C. Ninguém mais se lembra das suas origens. Criam mitologias. Surgem versões negando que a Capoeira tenha surgido em uma nação mítica chamada Brasil, a qual teria existido há tanto tempo que caiu no esquecimento. Alguns eruditos defendem que a Capoeira teria sido criada pelos negros escravos, mas a etnia então dominante nega-o peremptoriamente, e ameaça de punição quem se atrever a insistir nessa invencionice subversiva. A Capoeira é institucionalizada como uma prática para a terceira idade.
Torna-se uma dança espiritual terapêutica para idosos.

Outros mil anos são transcorridos. Estamos agora no ano 6000 da Era Cristã. Todas as evidências de uma civilização latino-americana desapareceram, apagadas intencionalmente pelos cientistas e religiosos desse novo período histórico. A opinião pública de então, decide que Capoeira é para mulheres, que é ótima para TPM, gestação, rugas, celulite, varizes e que rejuvenesce. A Capoeira passa a ser classificada como uma dança espiritual, terapêutica, para idosos e para mulheres. Quem afirmar que a Capoeira legítima é uma luta, destinada a pessoas jovens e saudáveis, passa a ser acusado de discriminar os enfermos, os idosos e as mulheres; é acusado de ser polêmico; torna-se perseguido e severamente castigado com a difamação, exclusão, execração e ameaças de morte.

Bem, no caso da Capoeira, nós só abordamos 4000 anos de deturpações, do ano 2000 ao ano 6000 d.C. No caso do Yôga precisamos computar mais um milênio de distorções, já que essa filosofia conta com cinco mil anos de existência.

Oh! Céus! Eu disse filosofia? Foi sem querer. Juro. Eu quis dizer uma terapia mística para enfermos, mulheres e idosos.

Chegando

Vou usar esse blog para postar textos sobre o SwáSthya Yôga, hoje mais conhecido como Método DeRose, que explique um pouco mais desta filosofia incrível de vida adotada por inúmeros praticantes no mundo todo.

Em breve retorno com o primeiro e uma apresentação!

Bem vindo.